À medida que a inteligência artificial transforma indústrias e revoluciona os fluxos de trabalho tradicionais, uma coisa fica clara: a alfabetização tecnológica não é mais opcional – é uma habilidade essencial para prosperar no mercado de trabalho. Executivos que desejam manter a relevância de suas empresas (e de si mesmos) precisarão fazer mais do que delegar temas digitais ao departamento de TI. A liderança do futuro será híbrida: composta por humanos e agentes de IA, operando em colaboração. A capacidade de entender, interagir e tomar decisões informadas com base nas ferramentas tecnológicas disponíveis passa a ser um traço essencial da gestão moderna.
O Fórum Econômico Mundial listou a alfabetização tecnológica como uma das principais habilidades essenciais para a força de trabalho em seu Relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2025. “A alfabetização tecnológica agora é uma competência essencial de liderança, não apenas algo para engenheiros ou programadores”, afirma Mike Grandinetti professor do curso Dominando a IA Generativa em Seus Negócios que faz parte do portfólio de Educação Profissional e Executiva da Babson College – considerada uma das melhores escolas americanas de negócios de graduação para empreendedorismo. A alfabetização tecnológica, ou a capacidade de usar, compreender, gerenciar e avaliar a tecnologia de forma eficaz, envolve possuir conhecimento tecnológico, compreender as técnicas e utilizá-las com competência.
A IA já deixou de ser promessa futura
Em um cenário onde agentes de IA são capazes de executar tarefas complexas, conduzir pesquisas aprofundadas e prototipar soluções com comandos em linguagem natural, muitas funções já estão sendo redefinidas. Profissões consideradas estáveis, como consultoria, contabilidade ou até cargos técnicos em grandes bancos, passaram a exigir familiaridade com ferramentas generativas. Ferramentas como a chamada codificação de vibração (que permite criar sistemas apenas com linguagem natural) e os agentes autônomos estão eliminando etapas antes críticas no trabalho de analistas e desenvolvedores.
Hoje, não é preciso programar para criar um protótipo funcional, explorar um novo mercado ou montar um fluxo de automação – é preciso saber perguntar, testar e iterar com a máquina. E é aqui que entra a nova definição de competência: executivos que sabem conduzir suas equipes nesse novo modelo híbrido – onde humanos lideram com IA como copiloto – são os que estarão preparados para guiar suas empresas em direção à inovação contínua. “As equipes do futuro serão híbridas”, explicou Grandinetti. “E isso não significa apenas trabalhadores remotos. Significa humanos trabalhando ao lado de agentes de IA. Você entrevistará candidatos que chegam e dizem: ‘Eu e meus 10 agentes de IA estamos prontos para começar.’”
Curiosidade estratégica: o traço mais valioso da liderança contemporânea
A alfabetização tecnológica não se resume ao domínio técnico, mas à capacidade de adaptação constante. Curiosidade, agilidade para aprender e disposição para experimentar tornaram-se habilidades tão valiosas quanto as tradicionais competências de gestão. Empresas de ponta já adotam abordagens “IA-first” – ou seja, antes de contratar, avaliam se a IA pode resolver o problema. Para líderes, isso exige uma mudança de mentalidade: incorporar a aprendizagem ao longo da vida como parte do próprio papel e incentivar essa mentalidade em suas equipes. É nesse ponto que a liderança se diferencia da gestão tradicional. Liderar em um ambiente digital exige compreender o que a IA pode fazer por você, como ampliá-la e onde ela pode (e deve) ser contida. Também exige coragem para revisar processos, reavaliar modelos de negócio e, muitas vezes, redesenhar produtos e serviços inteiros a partir das novas possibilidades.
A jornada não exige ser técnico — mas exige ação
A boa notícia? A alfabetização tecnológica não exige formação em engenharia. Executivos de diversas áreas já vêm incorporando IA em suas rotinas, desde diagnósticos de negócios até simulações de cenários e criação de roteiros de aprendizado personalizados. Saber escrever e pensar estrategicamente já é o suficiente para começar. O verdadeiro risco, neste momento, não é errar ao experimentar – é permanecer passivo enquanto o mercado avança.
Recomendações para lideranças: por onde começar
- Mapeie as tecnologias que impactam diretamente seu setor. O tempo de esperar “cases concretos” passou – líderes devem ser os primeiros a explorar e entender.
- Incorpore a IA na rotina de tomada de decisão. Use-a para apoiar planejamento, benchmarking e análise preditiva.
- Capacite suas equipes, começando pela liderança. A cultura da empresa nasce no topo: se líderes não usam tecnologia, dificilmente os demais o farão com confiança.
- Mantenha uma agenda de aprendizagem contínua. Seja por meio de cursos rápidos, workshops internos ou fóruns de inovação, a atualização constante deve estar no centro da estratégia.
Em tempos de transformação acelerada, o futuro pertencerá não aos mais experientes, mas aos mais adaptáveis. A tecnologia não substitui líderes, mas líderes que não se atualizam correm o risco de se tornarem obsoletos. “O futuro pertence aos curiosos”, aponta Grandinetti. E conclui: “a aprendizagem ao longo da vida não é mais algo desejável. É essencial se você quer permanecer empregado, quanto mais se manter competitivo.”