Em um mundo onde a disrupção e a incerteza se tornaram rotina, a capacidade de adaptação é essencial, e não apenas um luxo profissional. De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2025 do Fórum Econômico Mundial, habilidades interpessoais como resiliência, flexibilidade e agilidade estão entre as mais críticas para a força de trabalho moderna. Mas como essas capacidades se manifestam na prática? Como desenvolver melhores líderes? E como as organizações podem desenvolver equipes preparadas para prosperar em meio a mudanças constantes?
Os especialistas do Babson College, Heidi Neck e Scott Taylor orientam como cultivar equipes que façam mais do que apenas lidar com a volatilidade. Heidi Neck é professora de Empreendedorismo e diretora acadêmica da Babson Academy, e Scott Taylor é professor de comportamento organizacional e titular da Cátedra Arthur M. Blank de Liderança baseada em valores na Escola Arthur M. Blank de Liderança Empreendedora da Babson. Seus insights revelam que, embora a disrupção e a incerteza sejam inevitáveis, a maneira como profissionais e líderes respondem a elas pode se tornar uma vantagem competitiva determinante.
O Trio Poderoso: Definindo Resiliência, Flexibilidade e Agilidade
Embora frequentemente agrupadas, essas capacidades desempenham funções distintas, mas complementares:
- Resiliência é a capacidade de se recuperar de contratempos e permanecer firme durante períodos de incerteza.
- Agilidade é a capacidade de se ajustar de forma rápida e eficaz em tempo real, muitas vezes sem um manual.
- Flexibilidade — especialmente a flexibilidade cognitiva — significa estar aberto a novas ideias, mudar modelos mentais e ver desafios de múltiplas perspectivas.
“A capacidade de pensar empreendedoramente exige resiliência”, afirma Neck. “Significa administrar em meio ao estresse e à incerteza — ou mesmo prosperar nessas condições — porque essa é a nova norma.” Taylor concorda com esse sentimento, observando que a resiliência não é binária. “É um músculo. Você o desenvolve com o tempo e ele fica mais forte”, aponta ele. “Mas, como o contexto está sempre mudando, você precisa reencontrá-lo repetidamente.” Alguns exemplos de habilidades de resiliência no local de trabalho incluem adaptação a demissões, recuperação de lançamentos de produtos fracassados ou navegação em reestruturações organizacionais com foco em aprendizado e crescimento.
Jogando no ataque em um mundo de incertezas
Por que habilidades de agilidade, flexibilidade e adaptabilidade são tão importantes agora? Porque equipes reativas ficam para trás. Equipes adaptativas avançam. “Times resilientes e ágeis jogam no ataque enquanto outros jogam na defesa”, pondera Neck. “É estar preparado para se beneficiar de um turnover ou fumble*, se me permite uma analogia esportiva” – (referência a lances do futebol americano, em que o time adversário perde a posse de bola.)
Essas equipes se recuperam rapidamente de falhas, demonstram fortes habilidades de agilidade ao se adaptarem às novas realidades do mercado e abraçam a experimentação mesmo sem resultados garantidos. Taylor observa que agilidade e resiliência estão profundamente interligadas: “Você não pode ser verdadeiramente ágil sem primeiro desenvolver resiliência. Equipes resilientes não apenas sobrevivem a situações difíceis — elas se adaptam, aprendem e, muitas vezes, saem mais fortes.”
Como desenvolver resiliência e agilidade em sua equipe
Se você está se perguntando como desenvolver habilidades de resiliência e agilidade em sua equipe, comece deixando ir. “Saia do caminho”, diz Neck. “Dê a eles a responsabilidade. Não confunda gestão com liderança. Gestão é sobre facilitação. Liderança é sobre influência .”
Desenvolver habilidades de resiliência e agilidade não significa lançar uma nova iniciativa de treinamento para toda a empresa. Em vez disso, começa com a identificação de indivíduos empreendedores que já prosperam na ambiguidade e a criação das condições ideais para que liderem. Incentive a autonomia. Normalize a iteração. Abra espaço para o aprendizado por meio do fracasso. Taylor reforça que este não é um evento único; está inserido na cultura da empresa. A resiliência evolui conforme sua equipe, seu ambiente e seus desafios mudam. Habilidades de resiliência devem ser cultivadas ativamente e redescobertas continuamente.
Flexibilidade: o ingrediente frequentemente esquecido
Embora habilidades de resiliência e agilidade se manifestem no comportamento das equipes, a flexibilidade cognitiva influencia o modo como elas pensam. Equipes que demonstram habilidades de flexibilidade conseguem reformular problemas, adaptar estratégias rapidamente e abordar decisões de múltiplas perspectivas. É isso que torna possível uma tomada de decisão mais inteligente e rápida diante do desconhecido. Exemplos comuns de habilidades de flexibilidade incluem a adaptação a ambientes de trabalho híbridos, a mudança de funções em projetos no meio do caminho ou a assunção de novas responsabilidades durante ausências inesperadas. Esses momentos revelam não apenas a adaptabilidade, mas também o valor da flexibilidade cognitiva em situações ambíguas e de rápida evolução.
O que não fazer: erros comuns a evitar
Muitas organizações querem construir equipes adaptáveis, mas fazem isso da maneira errada. Segundo Neck, erros comuns incluem tentar transformar todos de uma vez ou confiar demais na mudança cultural de cima para baixo. Muitas vezes, recorrem a estilos de gestão orientados ao controle quando a situação exige confiança e empoderamento. Em vez disso, Neck recomenda encontrar os intraempreendedores que já demonstram resiliência, agilidade e flexibilidade, e apoiá-los primeiro. Outros seguirão sua liderança com mais autenticidade do que qualquer diretriz corporativa poderia exigir.
Não existe nada à prova do futuro, então construa para a mudança
As organizações muitas vezes tentam garantir a estabilidade a longo prazo, mas Neck oferece um choque de realidade: “Preparar-se para o futuro não é possível”, alega ela, “e somos tolos em pensar o contrário”. Em vez disso, resiliência e agilidade são o que preparam as equipes para o sucesso em tempos imprevisíveis.
Mas isso não significa que as organizações não possam se preparar. As melhores equipes não se preocupam em proteger o que construíram. Elas se mantêm focadas em construir o que vem a seguir. “Continue jogando no ataque”, sugere ela. “Tente aproveitar o novo jogo que, esperançosamente, sua organização criou. É isso que pessoas empreendedoras em todos os níveis da organização fazem.” Resiliência, flexibilidade e agilidade não são apenas palavras da moda no ambiente de trabalho. São a mentalidade e a força que as equipes precisam para ter sucesso diante de mudanças constantes e interrupções inesperadas. Construí-las exige intenção, apoio e disposição para recuar e deixar as equipes liderarem o caminho.