Desde as primeiras manifestações femininas por melhores condições de trabalho, como a de 8 de março de 1857, quando 130 operárias de uma fábrica de tecidos morreram carbonizadas, é inegável que houve muitos avanços no mercado de trabalho. Hoje, as mulheres desfrutam de uma gama maior de oportunidades e ocupam cargos de liderança em diferentes setores. No entanto, ainda estamos longe do cenário ideal.
O relatório de 2025 da Equileap alerta para uma desaceleração no progresso das mulheres em praticamente todos os níveis corporativos e para um agravamento das disparidades salariais de gênero ao redor do mundo. “É preocupante”, afirma Diana van Maasdijk, CEO da empresa de pesquisa holandesa especializada em medir o progresso das mulheres em grandes corporações internacionais.
Quanto à presença feminina em cargos corporativos de alto escalão de empresas cotadas globalmente, o estudo mostra que apenas 7% das diretoras executivas são mulheres, enquanto 9% ocupam a presidência de conselhos de administração. Além disso, o número de diretoras financeiras caiu de 17% para 16%.
O relatório, disponível na página da instituição, aponta que, em alguns países, a situação está piorando. Na Áustria, Dinamarca e Finlândia, houve uma queda acentuada no número de mulheres CEOs. Globalmente, há uma estagnação na representação feminina tanto na liderança quanto na força de trabalho, sem mudanças significativas em relação ao ano anterior. A única exceção é um leve aumento na presença de mulheres em cargos de diretoria, de 30% para 32%.
Entre os mercados desenvolvidos, os Estados Unidos estão entre os países com pior desempenho em igualdade de gênero no ambiente corporativo — enquanto Hong Kong e Cingapura lideram o ranking. A transparência sobre a disparidade salarial entre gêneros aumentou de 33% em 2024 para 44% em 2025, mas a porcentagem de empresas que eliminaram efetivamente essa desigualdade caiu de um já alarmante 1,1% para apenas 1,0%.
Participação feminina no mercado de trabalho global
As mulheres representam 50,1% da população em idade ativa, mas correspondem a apenas 46,4% da força de trabalho, de acordo com a Encuesta de Población Activa (EPA) do terceiro trimestre de 2024. Em setores como emprego doméstico, serviços sociais, atividades veterinárias e sanitárias, as mulheres são maioria, chegando a representar até 90% da força de trabalho.
Cenário brasileiro
Segundo o último levantamento da FESA Group, as mulheres ocupam 33,86% dos cargos de liderança no setor financeiro. No entanto, em áreas estratégicas, como CFOs e setores de Riscos e Corporate, a participação feminina é ainda menor, chegando a apenas 20%. O cenário mais crítico está no Investment Banking (IB), segmento responsável por grandes operações estruturadas, onde apenas 17,39% das posições de alto escalão são ocupadas por mulheres.
A desigualdade também se manifesta em questões relacionadas à maternidade. De acordo com uma pesquisa da Opinion Box, 26% das mulheres entrevistadas afirmaram ter perdido uma oportunidade de trabalho por serem mães, enquanto 17% relataram que a gravidez foi um fator determinante para sua exclusão do mercado. Além disso, mais de 40% das entrevistadas disseram ter sido questionadas em entrevistas de emprego sobre estarem grávidas ou planejarem ter filhos no futuro.