O aumento das temperaturas extremas é uma preocupação global, com impactos diretos na saúde pública, economia e pode afetar até a realização de grandes eventos. Pesquisas recentes revelam dados alarmantes e o impacto do calor excessivo. No Brasil, as altas temperaturas foram responsáveis pelo aumento da mortalidade. Outro estudo da Universidade de Toronto aponta que o calor pode afetar até a Copa do Mundo e fala em adiar o evento, a exemplo do que ocorreu em 2022, quando os jogos foram transferidos do verão para o inverno no Catar justamente por conta das altas temperaturas.
Brasil: Calor Extremo e Mortalidade
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro destacou a correlação direta entre calor extremo e o aumento da mortalidade, especialmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas. O estudo, que analisou registros de mortes naturais entre 2012 e 2024, revelou que em 18 de novembro de 2023, quando o índice de calor na cidade ultrapassou 44°C por oito horas, 151 idosos perderam a vida.
Para medir o impacto do calor de forma mais precisa, foi criada a métrica Área de Exposição ao Calor (AEC), que considera não apenas a temperatura, mas o tempo de exposição ao calor intenso. Segundo o estudo, um nível de calor 4 (temperaturas elevadas por quatro horas ou mais) pode aumentar em 50% a mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal em idosos. Já o nível de calor 5 (acima de 44°C) demonstrou o mesmo impacto em apenas duas horas de exposição.
Além disso, o calor extremo também elevou em 25% as mortes por causas naturais e doenças cardiovasculares entre pessoas com mais de 65 anos. Mas os idosos não são as únicas vítimas. Um dia antes do pico de calor, no dia 17 de novembro de 2023, a estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos de idade, morreu por exaustão térmica durante o show da cantora internacional Taylor Swift. Os dados indicam que o risco não está apenas em temperaturas elevadas, mas também no tempo de exposição, reforçando a necessidade de políticas públicas e empresariais para mitigar esses efeitos.
América do Norte: Riscos para a Copa do Mundo de 2026
Nos Estados Unidos, Canadá e México, o calor extremo também ameaça a realização da Copa do Mundo FIFA de 2026. Um estudo da Universidade de Toronto, publicado no International Journal of Biometeorology, revelou que 14 das 16 cidades-sede do torneio enfrentam risco elevado de calor extremo nos meses de junho e julho, quando o evento está programado. “Estamos pedindo políticas de calor mais fortes na Copa para proteger jogadores, árbitros, pessoas trabalhando nos eventos e os fãs”, afirma Madeleine Orr, professora assistente na Faculdade de Cinesiologia e Educação Física (KPE) da Universidade de Toronto, envolvida no estudo.
Os pesquisadores utilizaram o índice Temperatura do Globo de Bulbo Úmido (WBGT), padrão para medir estresse térmico. Foi constatado que essas cidades frequentemente excedem o limite de 28°C – patamar que órgãos reguladores de futebol recomendam para adiar ou reprogramar jogos. Miami e Monterrey estão entre os locais mais críticos, mas outras cidades como Filadélfia, Kansas, Boston e Nova York também apresentam riscos significativos. Como alternativa para que a FIFA não precise adiar a Copa, os especialistas sugerem que os jogos sejam agendados fora dos horários mais quentes, como logo no início da manhã ou à noite.