O mercado imobiliário vive um momento singular com realidades opostas na América do Norte e América do Sul. Enquanto o Brasil caminha para um ciclo de crescimento impulsionado por novas formas de financiamento e a adoção de tecnologias sustentáveis, os EUA enfrentam desafios estruturais que dificultam o acesso à moradia e restringem a oferta habitacional. Um estudo da Universidade de Harvard aponta que apesar da produtividade dos americanos ter disparado na segunda metade do século XX, criando benefícios para os consumidores na forma de preços mais baixos em uma ampla gama de produtos, o país enfrenta uma crise no setor de habitação.
Embora a expectativa seja de uma ligeira redução nas taxas de hipoteca – com previsão de queda da taxa de 30 anos para cerca de 6,76% em 2025 e 6,32% em 2026 – os preços dos imóveis nos Estados Unidos seguem em alta, tornando a acessibilidade à moradia um problema persistente. Um dos principais entraves é a baixa oferta de casas no mercado, uma vez que proprietários com financiamentos adquiridos a juros baixos durante a pandemia evitam vender seus imóveis. Com um déficit habitacional estimado em 2,6 milhões de unidades, a oferta segue restrita, limitando as possibilidades de novos compradores.
Outro fator que impacta o mercado imobiliário americano são as regulamentações urbanísticas que dificultam grandes projetos habitacionais. O estudo da Universidade de Harvard destaca que políticas locais restringem o desenvolvimento de novas moradias, criando um ambiente pouco favorável à expansão do mercado. Esse cenário pressiona os preços para cima e afasta compradores de baixa e média renda.
No Brasil, a perspectiva é mais otimista. O setor projeta um crescimento entre 5% e 7% em 2025, sustentado por uma recuperação econômica gradual e uma redução da taxa Selic para aproximadamente 9,5%. Além disso, a diversificação das fontes de financiamento fortalece o mercado, com o uso crescente de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), que somam mais de R$ 300 bilhões em recursos disponíveis.
Outro motor desse crescimento é a digitalização e a busca por sustentabilidade. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) em parceria com a Brain Inteligência Estratégica indica que 66% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por imóveis que utilizem energia solar, enquanto 56% valorizam soluções para reuso de água. Empresas do setor têm investido em tecnologias como realidade aumentada para experiências de compra mais imersivas e inteligência artificial para otimização de precificação e análise de crédito.
Enquanto os EUA tentam equilibrar oferta e demanda dentro de um sistema regulatório restritivo, o Brasil segue acelerando com inovações e um mercado aquecido. A diferença de trajetória entre os dois países é sem dúvida um reflexo de suas estruturas econômicas e políticas. O fato é que o cenário nos mostra um 2025 com desafios e oportunidades distintas para cada lado do continente.