Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças cardiovasculares matam cerca de 17,9 milhões de pessoas por ano no mundo, representando 31% de todas as mortes globais. Diante desse cenário, a prevenção deveria ser uma prioridade em todos os países. Porém, infelizmente, não é o que acontece.
A falta de prevenção ainda é um problema inclusive no Brasil e nos Estados Unidos, onde as doenças cardiovasculares seguem na liderança como a principal causa de morte. Nos EUA, cardiologistas apontam que a população subestima os riscos das doenças do coração. O desafio, portanto, vai além da medicina: trata-se de mudar mentalidades e melhorar o acesso ao tratamento.
Na Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard, especialistas alertaram recentemente para a falta de seriedade com que os americanos encaram a doença. “Você recebe um diagnóstico de câncer, e todo mundo se move. Eles movem céus e terra. Famílias se movem. Pessoas se movem”, afirmou Ami Bhatt, diretora de inovação do American College of Cardiology. “Você diz ‘doença cardíaca’ e as pessoas não se movem da mesma forma.”
O descaso com a prevenção é um reflexo da forma como as pessoas percebem a doença: enquanto um paciente com câncer busca tratamento imediato, muitos portadores de doenças cardiovasculares postergam mudanças no estilo de vida. Joseph Woo, da Stanford Medical School, lembra que a doença cardiovascular mata mais americanos do que todos os tipos de câncer combinados, mas nem por isso desperta a mesma sensação de urgência.
O Cenário no Brasil: Prevenção também é negligenciada
No Brasil, o problema também é crítico. As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes anuais, o que representa aproximadamente 30% de todos os óbitos no país. Mesmo assim, cerca de 23% dos brasileiros nunca consultaram um cardiologista.
Fatores como hipertensão, diabetes, tabagismo e sedentarismo seguem em níveis alarmantes. O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com procedimentos cardiovasculares, o que evidencia o alto custo do tratamento e a necessidade de políticas de prevenção mais eficazes. Apesar dos avanços em tratamentos minimamente invasivos e no uso de inteligência artificial para diagnósticos mais precisos, a prevenção ainda é um desafio no país.
Desafios e soluções
Nos Estados Unidos, uma das soluções propostas é a implementação de “navegadores de saúde”, profissionais que auxiliam os pacientes a manterem seus tratamentos e a acessarem recursos médicos. No Brasil, campanhas de conscientização e ampliação do acesso a exames preventivos seriam estratégias essenciais para reverter o quadro. Em ambos os casos, a solução passa pela educação, pelo diagnóstico precoce e pelo investimento em prevenção.