Desde que o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desafiou 50 presidentes de grandes instituições financeiras a integrarem fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais, em 2004, a preocupação crescente do mercado em estar em concordância com a agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) tem dado cada vez mais visibilidade ao termo. E em 2025, a agenda ESG deve ganhar ainda mais força no Brasil e no mundo. A expectativa é que as questões ligadas ao tema comecem a sair da agenda institucional para a alocação de capital, a partir de planos financeiros traçados pelas governanças que considerem os impactos ambientais, sociais e de governança sobre o valor e os resultados das companhias. Um movimento provocado pelas novas regulamentações implantadas que vão influenciar análise de riscos e investimentos.
Para tratar sobre os avanços das práticas de ESG entre empresas, governos, cooperativas e sociedade, acontece em maio o Congresso Nacional de ESG. O objetivo é falar de conscientização e colaboração em busca de um futuro mais sustentável, ético e responsável em todas as esferas da atividade econômica e social. Alinhado às metas e os esforços das empresas e investidores com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU; este ano o tema central do congresso é “Liderança Visionária – Conectando Sustentabilidade, Diversidade e Inteligência Artificial”.
“A sustentabilidade e o ESG não são mais apenas uma escolha, mas uma questão de inteligência para as organizações que buscam prosperar e sobreviver em um mundo em constante mudança”, afirma Cristiano Lagôas, presidente da Associação Brasileira de ESG, instituição realizadora do evento. O Congresso Nacional de ESG é um dos maiores eventos anuais de ESG e Sustentabilidade da América Latina e Pré-COP 30, e acontece nos dias 13 e 14 de maio, no Centro de Eventos da AMCHAM-Brasil na cidade de São Paulo. O evento reunirá líderes empresariais, governamentais, especialistas e profissionais para compartilharem cases e práticas no campo da sustentabilidade e ESG para inspirar líderes e stakeholders a adotarem abordagens responsáveis em suas instituições e a construção de um futuro melhor para todos.
Mercado de Carbono e Norma 193 da CVM
Em dezembro de 2024, o mercado regulado de carbono virou lei no Brasil, o que deve influenciar a Agenda ESG. “A regulamentação ainda exigirá alguns anos até que a implementação seja concluída e as companhias sejam sujeitas a limites de emissões, mas os investidores já devem começar a identificar os impactos potenciais sobre o seu portfólio de ativos”, diz Maria Eugenia Buosi, da KPMG. Outra mudança que deve impactar a agenda é a norma 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), principal alteração regulatória no Brasil que trata do conjunto de regras para divulgações financeiras ligadas à sustentabilidade e questões climáticas, batizados de S1 e S2. Segundo especialistas ouvidos pela Capital Reset, a medida deve ajudar a amenizar a falta de dados e de padronização na temática, uma das dificuldades crônicas da agenda ESG. A CVM foi a primeira a adotar oficialmente o padrão global criado pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), ligado à IFRS Foundation (organização sem fins lucrativos, criada para desenvolver padrões de divulgação de contabilidade e sustentabilidade de alta qualidade). As divulgações financeiras ligadas à sustentabilidade e questões climáticas serão obrigatórias a partir de 2027, em relação ao exercício de 2026, mas podem ser feitas voluntariamente um ano antes, ou seja, em 2026, relativas a 2025.