Um estudo liderado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) confirma que o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida está se recuperando. A redução global de substâncias que destroem o ozônio, como os clorofluorcarbonos (CFCs), é apontada como o principal motivo dessa recuperação. Essa é a primeira pesquisa a atribuir, com 95% de confiança estatística, o resultado positivo aos esforços humanos, destacando a eficácia das políticas ambientais globais.
O Problema e a Solução Global
O buraco na camada de ozônio foi identificado em 1985, quando cientistas detectaram sua formação durante a primavera austral. A principal causa foi atribuída aos CFCs, amplamente utilizados em refrigeração, ar condicionado e aerossóis. Em resposta, foi criado o Protocolo de Montreal em 1987, um tratado internacional que estabeleceu a eliminação gradual dessas substâncias.
Em 2016, estudos liderados pela cientista Susan Solomon já indicavam sinais de recuperação do ozônio, mas faltava comprovação quantitativa. O novo estudo, publicado na revista Nature, utilizou o método “fingerprinting” para isolar o impacto da redução de CFCs, diferenciando-o de outros fatores, como variações climáticas naturais. Esse método, desenvolvido para a ciência climática, consiste em identificar padrões específicos causados por influências humanas em meio à variabilidade natural, permitindo atribuir com maior precisão as causas de mudanças ambientais. A pesquisa contou com o apoio da National Science Foundation e da NASA, reforçando a importância da colaboração científica para o avanço em questões ambientais.
Resultados e Perspectivas
Simulações atmosféricas indicaram que a diminuição dos CFCs foi determinante para a recuperação do ozônio. Observações por satélite de 2005 a 2018 confirmaram esse padrão, reforçando a confiança nos dados. Segundo Susan Solomon, se a tendência continuar, é possível que até 2035 ocorram anos em que o buraco de ozônio não se forme. Já o desaparecimento definitivo do buraco deve acontecer em um futuro mais distante. Para Peidong Wang, aluno de pós-graduação do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT e autor principal do estudo, o sucesso do Protocolo de Montreal é um exemplo de como a cooperação internacional pode mitigar problemas ambientais. “Isso nos dá confiança de que podemos resolver desafios globais se agirmos coletivamente.”