Pesquisadores propuseram transformar a narrativa sobre alimentos ultraprocessados, espelhando as estratégias que remodelaram com sucesso as percepções públicas sobre o tabaco. Ao destacar as táticas agressivas das empresas alimentícias, os defensores pretendem reduzir o consumo desses produtos viciantes por jovens adultos. O novo estudo revelou que jovens adultos, de 18 a 25 anos, desenvolvem atitudes significativamente negativas em relação à indústria alimentícia quando expostos a mensagens que destacam sua engenharia e o marketing agressivo de alimentos ultraprocessados e viciantes. Essa abordagem se inspira nas aclamadas campanhas antitabaco da “verdade”, que efetivamente responsabilizaram os fabricantes de cigarros sem culpar os consumidores.
“Descobrimos que, ao focar nas táticas da indústria em vez de escolhas individuais, poderíamos mudar as percepções do público sem exacerbar o estigma do peso”, disse a psicóloga da Universidade de Michigan, Ashley Gearhardt , uma das autoras contribuintes do estudo. Realizado em colaboração com Kathleen Good da Universidade Brown, Lindsey Parnarouskis da Universidade Drexel e Jenna Cummings da Universidade de Liverpool, o estudo envolveu um projeto experimental inventivo.
Os participantes foram expostos a diferentes apresentações, cada uma destacando aspectos variados do consumo de alimentos e das práticas da indústria. Os resultados revelaram que mesmo uma breve apresentação de um minuto pode mudar significativamente as percepções. O estudo indica que enfatizar a natureza viciante dos produtos e as estratégias manipulativas da indústria alimentícia pode potencialmente transformar as atitudes dos jovens adultos sem estigmatizar problemas individuais de peso. Os pesquisadores afirmaram que essa abordagem de enquadramento pode fomentar maior responsabilização pelos danos à saúde pública causados por práticas corporativas.
“As implicações deste estudo são vastas”, disse Gearhardt. “Ele abre caminho para campanhas de saúde pública de alto impacto e elaboradas por especialistas, voltadas para a indústria alimentícia, semelhantes às que vimos com o tabaco.” Publicada no periódico Obesity, a pesquisa promete mudanças significativas e ressalta a necessidade de mais investigação sobre a estruturação de mensagens que podem reforçar o apoio a políticas impactantes relacionadas à obesidade, diz Gearhardt.