Segundo o Fórum Econômico Mundial, mais de 1 bilhão de pessoas precisarão ser requalificadas globalmente até 2030 por conta do impacto da tecnologia no trabalho. Nesse cenário de transformações aceleradas, a inteligência artificial (IA) não é apenas uma ferramenta de eficiência: ela se tornou um ponto de inflexão para repensarmos o propósito da educação e o perfil dos líderes que queremos formar. A convergência entre IA, educação e sustentabilidade está moldando uma nova geração de profissionais — mais adaptáveis, sistêmicos e conscientes. A China, por exemplo, já tornou obrigatório o estudo da inteligência artificial em suas escolas. Mas o desafio vai além de ensinar sobre algoritmos: trata-se de aprender com a IA, e de transformar a maneira como pensamos o aprendizado, a tomada de decisão e a liderança.
O tema vem sendo observado com atenção pela Babson College, instituição que nasceu com foco em atividades práticas para profissionais de negócios e hoje lidera rankings mundiais de empreendedorismo. Em parceria com a Fundação Estudar, a Babson vêm produzindo uma série de podcasts sobre o assunto. No episódio recém publicado, Vikki Rodgers, professora de ecologia, diretora científica e diretora de sustentabilidade integrada na Babson; Ela Gokcigdem, especialista em economia azul; e o administrador da Babson, Ramón Mendiola, líder empresarial sustentável e ex-CEO da Florida Ice and Farm Company (FIFCO) discutiram sobre o papel do pensamento sistêmico e da biomimética na criação de soluções sustentáveis para a educação e os negócios.
A partir de suas experiências, os participantes destacam que a IA pode ser usada para personalizar o aprendizado, desenvolver competências empreendedoras e ampliar o acesso à educação de qualidade. Mas vão além da tecnologia: defendem que o futuro da aprendizagem precisa se basear em valores como interdependência, regeneração e inovação inspirada nos ecossistemas naturais. “Os professores não vão desaparecer”, afirma Ian Mashiter, diretor do Blank Center for Entrepreneurship da Babson College. “Mas precisarão assumir um novo papel: o de facilitadores do aprendizado, apoiando os estudantes em suas jornadas individuais.”
A discussão revela um ponto central: formar líderes para um mundo em transformação requer mais do que novos conteúdos – exige novas mentalidades. O modelo educacional precisa evoluir da transmissão de conhecimento para o cultivo de habilidades como pensamento crítico, empatia, criatividade e visão sistêmica. Iniciativas como as desenvolvidas no campus da Babson, sinalizam essa virada: integrar saber acadêmico, prática empreendedora e tecnologias emergentes para transformar não apenas o que se aprende, mas como se aprende — e por quê. Mais do que acompanhar tendências, trata-se de liderar uma mudança estrutural. O futuro da aprendizagem — assim como o dos negócios — pode estar menos nos algoritmos em si e mais na forma como os humanos aprendem a dialogar com as inteligências artificiais.