De acordo com a última atualização da Organização Meteorológica Mundial (OMM) o fenômeno climático La Niña terá “vida curta” em 2025. Em atividade desde dezembro de 2024, o evento resfria as águas do Pacífico equatorial e influencia fases de chuva e seca na América do Sul, além de atuar na regulação da temperatura do planeta. O boletim publicado pela organização nesta quinta-feira (6) aponta que as temperaturas atuais da superfície do mar devem retornar ao normal ainda no primeiro semestre, passando a uma condição “ENSO-neutra” (nem El Niño nem La Niña).
As projeções estimam uma chance de 60% para uma normalização entre março e maio, aumentando para 70% para o intervalo abril-junho.
Já a previsão do retorno de uma fase de El Niño é incerta. Ao inverter a temperatura no Pacífico equatorial, com o aquecimento das águas, o fenômeno costuma gerar chuvas no Sul do Brasil, enquanto aumenta a chance de secas na Amazônia, como ocorrido no biênio 2023-2024. Normalmente, a fase de La Niña traz impactos climáticos que são o oposto de El Niño, especialmente em regiões tropicais.
O ano começou com o janeiro mais quente já registrado, mesmo sob atuação do fenômeno, que usualmente contribui para temperaturas mais baixas no planeta. As projeções da OMM acompanham o que já havia sido anunciado pela NOAA (Administração Nacional Atmosférica e dos Oceanos) nos Estados Unidos em janeiro, inclusive com a porcentagem de 60% de chance para que o fenômeno se desfaça no trimestre março-abril-maio. Tradicionalmente, o fenômeno pode ter mais de um ano de duração e ocorrer em intervalos de tempo que variam de dois a sete anos.
Impactos econômicos

Em certas ocasiões os “niños” vêm aumentando as temperaturas globais e provocando eventos extremos, como no caso das fortes chuvas que ocorreram no Rio Grande do Sul em 2024 e provocaram a morte de 183 pessoas e deixaram outras 27 desaparecidas. O coletivo científico WWA (World Weather Attribution), aponta que o El Niño afetado pelo aquecimento global pode aumentar a frequência de enchentes na região em até cinco vezes. A OMM ressalta que os impactos de eventos climáticos naturais e há muito tempo monitorados, como La Niña e El Niño, estão agora ocorrendo no contexto mais amplo das mudanças climáticas induzidas pelo homem. A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, observa que “essas previsões se traduzem em milhões de dólares em economia para setores-chave como agricultura, energia e transporte, e salvaram milhares de vidas ao longo dos anos ao permitir a preparação para riscos de desastres”.