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Método inédito para medir zumbido abre caminho para novas terapias

por Giovana Silva
17 de junho de 2025
em Saúde
Método inédito para medir zumbido abre caminho para novas terapias

Imagem ilustrativa

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Há anos, a ciência convive com um desafio que mistura neurologia, psiquiatria e saúde auditiva: o zumbido. Trata-se de um ruído constante — muitas vezes descrito como chiado, apito ou uma transmissão de rádio — percebido sem que haja qualquer fonte sonora no ambiente. Invisível aos exames tradicionais, o distúrbio afeta 12% da população global e chega a impactar um quarto dos idosos, sendo considerado debilitante em milhares de casos. Até agora, seu diagnóstico se apoiava exclusivamente na percepção subjetiva dos pacientes.

Essa realidade começou a mudar. Pesquisadores de Harvard, em parceria com o Massachusetts Eye and Ear, desenvolveram um método capaz de mensurar objetivamente a gravidade do zumbido. O estudo, publicado na Science Translational Medicine, representa um avanço não só para pacientes, mas também para a indústria da saúde, que busca desenvolver terapias mais eficazes e reguladas por métricas confiáveis. “O que diferencia o zumbido de outras doenças neurológicas é justamente o fato de não termos, até então, um marcador fisiológico. Dependíamos apenas de questionários subjetivos”, explica Daniel Polley, diretor dos Laboratórios Eaton-Peabody e professor da Harvard Medical School.

Como medir o que não se vê

O estudo partiu de uma hipótese provocadora: o zumbido severo sequestra os mesmos sistemas cerebrais responsáveis por captar ameaças no ambiente — aqueles ligados às reações automáticas de luta, fuga ou paralisia. Ou seja, o cérebro interpreta o som fantasma como um alerta constante, impedindo o paciente de ignorá-lo. A partir dessa premissa, os pesquisadores testaram a reação de indivíduos a diferentes tipos de sons — desde ruídos neutros, como o de uma máquina de escrever, até estímulos agradáveis, como a risada de um bebê, e sons desagradáveis, como uma tosse seca.

Dois indicadores foram monitorados:

  • Dilatação das pupilas, ligada ao sistema nervoso simpático e, portanto, às respostas de estresse e alerta;
  • Micromovimentos faciais involuntários, que revelam reações emocionais antes mesmo que o cérebro processe conscientemente a informação.

Os resultados surpreenderam. Enquanto indivíduos sem zumbido ou com quadros leves apresentaram reações faciais consistentes (como contrações na testa para sons desagradáveis ou movimentos ao redor da boca para sons agradáveis), aqueles com zumbido severo mostraram uma espécie de apagamento emocional. Seus rostos praticamente não reagiram, e suas pupilas, paradoxalmente, dilataram de forma excessiva. “São como imagens espelhadas”, define Polley. “O rosto fica anestesiado, enquanto a pupila denuncia um estado de alerta constante. Juntos, esses dois sinais são capazes de prever a gravidade do zumbido de forma muito mais precisa do que qualquer abordagem anterior.”

Da pesquisa à clínica — e aos negócios

O avanço não é apenas acadêmico. Trata-se de um potencial divisor de águas para o desenvolvimento de terapias, dispositivos médicos e tecnologias voltadas à saúde auditiva e neurológica. Hoje, o único dispositivo aprovado pela FDA para zumbido enfrenta críticas justamente pela dificuldade de comprovar sua eficácia além do efeito placebo. “Quando o sucesso de uma intervenção depende apenas de o paciente dizer se se sente melhor, qualquer inovação corre o risco de ser questionada”, observa Polley.

Com uma métrica objetiva, o cenário muda. Além de permitir a subtipagem precisa dos pacientes — essencial para personalizar tratamentos —, abre caminho para ensaios clínicos mais robustos, acelera o ciclo de desenvolvimento de terapias e fortalece a regulação sanitária baseada em dados. O laboratório de Polley já trabalha na próxima etapa: transformar o método em uma ferramenta escalável, que possa ser aplicada em consultórios comuns, por meio de sistemas de vídeo e análise de imagem, sem depender de equipamentos altamente especializados.

O futuro da medicina está nos dados invisíveis

O caso do zumbido é um retrato fiel de um movimento mais amplo no setor de saúde: a busca por transformar sintomas subjetivos — como dor crônica, estresse ou distúrbios neuropsiquiátricos — em dados objetivos, quantificáveis e analisáveis. Para líderes empresariais da indústria de saúde, tecnologia e inovação, este é um alerta sobre onde estarão as próximas fronteiras competitivas. “Estamos, na prática, iluminando um fantasma”, resume Polley. Se a jornada for bem-sucedida, não só os pacientes com zumbido ganharão esperança, mas todo o ecossistema de saúde, que há décadas busca respostas para as condições invisíveis.

Tags: CiênciaConhecimentoEstudoHarvardNeurologiaPesquisaPsiquiatriaSaúdeSaúde auditivaZumbido
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Giovana T. da Silva Jornalista Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Jornalismo

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