Diante das profundas transformações no mercado de trabalho e da crescente necessidade de construir equipes diversificadas e colaborativas, a combinação entre soft skills e hard skills se tornou indispensável para o crescimento da empregabilidade e a formação de líderes eficazes.
Segundo um relatório da Deloitte (2024), 92% dos executivos entrevistados afirmam que as soft skills são igualmente ou mais importantes do que as hard skills para a liderança e a inovação nas organizações. Essa tendência é reforçada por Erika Linhares, executiva especializada em comportamento e cultura organizacional e fundadora da bHave: “O mercado reconheceu que as hard skills, quando desacompanhadas das soft skills, se tornam um desperdício. As empresas sabem que uma pessoa com habilidade comportamental desenvolvida corre atrás do aprendizado técnico. Mas se uma pessoa fica restrita às hard skills, o conhecimento fica retido”.

Vale lembrar: O que são as soft skills?
Soft skills são competências subjetivas e interpessoais adquiridas no cotidiano, influenciadas por experiências profissionais e pessoais. Elas estão diretamente relacionadas à personalidade, inteligência emocional e capacidade de interação do profissional com o ambiente corporativo. Estudos do World Economic Forum (2025) indicam que até 2030, 63% dos cargos de liderança irão priorizar candidatos com alta capacidade de comunicação, pensamento crítico e resolução de problemas.
Durante processos seletivos, as empresas passaram a avaliar não apenas formação e experiência técnica, mas também traços comportamentais que favorecem a integração e o crescimento dentro da organização. “Comunicação não é o que você acha, é o que o outro entende”, afirma Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, durante o evento Customer Experience Summit. A empresária também destaca a importância da inteligência emocional no ambiente corporativo: “Isso significa se conectar com o outro sem ter o espírito crítico, sem mitificar pessoas ou coisas e sem levar o feedback para o lado emocional”.
Dentre as principais soft skills valorizadas pelo mercado, destacam-se:
- Empatia: capacidade de compreender e valorizar emoções e perspectivas dos colegas;
- Gerenciamento de tempo: organização e priorização de tarefas para maior produtividade;
- Inteligência emocional: habilidade de reconhecer e administrar próprias emoções e as dos outros;
- Foco: manutenção da atenção em tarefas prioritárias;
- Resiliência e flexibilidade: capacidade de se adaptar a desafios e mudanças;
- Comunicação: expressão clara de ideias e informações;
- Liderança: inspiração e motivação de equipes para atingirem objetivos;
- Proatividade: antecipação de problemas e busca por soluções;
- Pensamento crítico: análise objetiva e resolução de problemas;
- Trabalho em equipe: colaboração para objetivos comuns.
Hard skills versus soft skills
Diferente das soft skills, as hard skills são competências técnicas adquiridas por meio de formação acadêmica, cursos e treinamentos. Embora essenciais, especialistas alertam que apenas habilidades técnicas não são suficientes para garantir o sucesso de um profissional. Soraya Bahde, diretora de desenvolvimento de pessoas da Alelo, enfatiza que “As habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal, por exemplo, sustentam posições que exigem capacidades de influência e liderança”.
Relatórios da Harvard Business Review (2025) mostram que 89% das contratações mal sucedidas acontecem por falhas em habilidades interpessoais, e não por falta de competências técnicas. Isso reforça a necessidade de um equilíbrio entre conhecimento acadêmico e habilidades comportamentais.
Soft skills na trajetória de grandes líderes
Flávio Augusto, fundador da Wise Up, destaca a resiliência, coragem e persistência como fundamentais em sua trajetória de sucesso. “Negócios são sobre pessoas. Saber se comunicar, influenciar e adaptar-se são diferenças entre prosperar e falhar”, afirma o empreendedor.
Fabiana Monteiro, presidente do Grupo Global Partners, reforça que “as soft skills mais requisitadas dentro das empresas incluem habilidades socioemocionais, resiliência, adaptabilidade, disciplina, ética, flexibilidade, motivação e autoconsciência”. Essas competências são cada vez mais decisivas para quem deseja avançar na carreira e liderar com eficiência.
As soft skills deixaram de ser um diferencial e se tornaram uma exigência para os profissionais que desejam crescer e liderar no ambiente corporativo. Empresas bem-sucedidas não avaliam apenas currículos e certificados, mas também a capacidade de seus colaboradores em se comunicar, inovar e construir relações produtivas. Conforme apontam as pesquisas e os exemplos práticos, a liderança do futuro será definida por aqueles que souberem equilibrar competências técnicas com habilidades humanas e comportamentais. Afinal, a tecnologia pode evoluir, mas a essência da liderança continuará sendo profundamente humana.